domingo, 6 de dezembro de 2015

A agonia do Rio

A agonia do Rio

Escândalos de corrupção, acordos escondidos e má gestão envolvem a organização política que comanda o Rio de Janeiro


Da Redação / Fotos: Reprodução







Luiz Fernando Pezão, atual governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, o governador anterior, Eduardo Paes, prefeito, e os deputados Jorge, Leonardo e Rafael Picciani. A esse grupo, que comanda o Estado há nove anos e sua capital há sete anos, pode ser creditada a falência moral de uma das mais importantes unidades da federação.


Desde que eles assumiram o Estado e sua capital, o Rio se viu mergulhado em acusações de negociatas e abandono. A dívida pública explodiu. Antes de Cabral assumir o governo estadual, era de R$ 34 bilhões; em agosto deste ano saltou para R$ 75 bilhões. Sem contar a inflação do período, o aumento foi de absurdos 120%! Na capital, passou de R$ 7,8 bilhões para R$ 10,8 bilhões.


O Rio agoniza às vésperas de sediar a Olimpíada de 2016, mais importante evento esportivo do planeta. A população sofre nas áreas essenciais, como saúde, segurança pública, educação e transporte. Mas nem todos foram abandonados. Bilhões de reais são injetados em obras para maquiar o verdadeiro Rio para os Jogos Olímpicos. E o que é pior: ao final deles, beneficiarão empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato e empresários que defendem a segregação dos pobres, além de prosperar os negócios dos políticos.






Nesta edição especial da Folha Universal, você descobrirá como o “comando do Rio” consegue manipular a contratação de empresas deles e de amigos para conseguir lucros de milhões e milhões, enquanto a população fica de joelhos, pedindo acesso a um sistema público que ofereça condições mínimas de sobrevivência.


OS ESQUEMAS MILIONÁRIOS


A organização política que comanda o Estado e a cidade do Rio de Janeiro tem como principais cabeças o atual governador Luiz Fernando de Souza Pezão, o ex-governador, Sérgio Cabral, o prefeito Eduardo Paes, os deputados estaduais Jorge e Rafael Picciani e o deputado federal Leonardo Picciani, todos do PMDB.


Pezão e Cabral se tornaram alvos de um inquérito aberto pela Polícia Federal, em março deste ano, durante a Operação Lava Jato, após um dos envolvidos no esquema de desvio de recursos da Petrobras delatar ao Ministério Público Federal (MPF) ter arrecadado R$ 30 milhões para serem injetados em um caixa 2 da campanha dos políticos ao governo do Rio, em 2010. À época, Cabral foi eleito governador e Pezão era seu vice. Atualmente, o inquérito está sob análise do relator do caso no Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Luis Felipe Salomão, que deverá pedir um parecer ao MPF sobre a continuidade da investigação.


Pezão na Sanguessuga


Essa não foi a primeira vez que Pezão foi alvo de uma investigação federal. Em dezembro de 2010, ele teve seus bens bloqueados pela Justiça Federal ao ser acusado pelo MPF de ligação com a chamada Máfia dos Sanguessugas.


As acusações do MPF apontaram irregularidades na aquisição de ambulâncias quando Pezão era prefeito de Piraí, interior do Rio de Janeiro, entre 1997 e 2004. De acordo com auditorias da Controladoria-Geral da União (CGU), os veículos eram comprados por valores acima dos de mercado e as licitações eram direcionadas para favorecer as empresas do esquema.


Quando se tornou vice-governador de Sérgio Cabral e assumiu interinamente o cargo de governador do Rio de Janeiro durante uma viagem do então chefe a Paris, na França, assinou um decreto-lei expropriando uma casa em Piraí para ser ocupada pela Procuradoria-Geral do Estado.


Mesmo com o imóvel avaliado em R$ 300 mil, o Estado do Rio de Janeiro pagou R$ 470 mil. O que se descobriu depois foi que a casa desapropriada era de uma cunhada do então vice-governador do Rio, Ana Maria de Carvalho Horta Jardim, mãe de Flavio Cauterio, procurador de Pezão na campanha. Após investigação, o Ministério Público arquivou o processo contra Pezão.


Amigo oculto


No Rio, o jogo do poder tem uma característica especial: os políticos veteranos sempre dão um jeito de proteger os herdeiros políticos dos outros.


Foi o que aconteceu com o ex-governador Sérgio Cabral, flagrado em uma festa em Paris, na França. Entre os comes e bebes, Cabral foi fotografado ao lado do empreiteiro Fernando Cavendish, da Construtora Delta e, assim que as imagens se tornaram públicas, Cabral começou a amargar o gosto da desgraça política.


No Estado de Cabral e Pezão, a Delta tocou importantes obras, como a Transcarioca e a reforma do Maracanã, onde aconteceu a final da Copa do Mundo de 2014, mas investigações da Polícia Federal descobriram que Cavendish tinha como sócio oculto o bicheiro Carlinhos Cachoeira, condenado por exploração de jogos ilegais e corrupção.


Acusada de repassar valores para empresas de fachada controladas pelo bicheiro Cachoeira, a Delta, de Cavendish, também ficou sob suspeita de dar dinheiro para pagar propinas a autoridades.


Com a imagem arranhada perante os moradores do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral deixou o governo antes do fim do mandato e abriu espaço para Pezão ser o número 1 do Estado, não sem deixar articulado para que seu filho, Marco Antonio, assumisse o cargo de secretário estadual de Esportes, justo no período das competições esportivas que farão com que o mundo olhe para o Rio.


Pulando do barco


Líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani é um dos cotados para suceder Eduardo Paes à frente da Prefeitura do Rio de Janeiro. Seu principal adversário é o deputado federal licenciado Pedro Paulo Teixeira, atual secretário de governo de Paes e envolvido em um escândalo de espancamentos contra sua ex-mulher (leia na página 20).


Na Câmara dos Deputados, Leonardo tinha como um dos grandes aliados o presidente da casa, Eduardo Cunha, também investigado na Lava Jato sob suspeita de manter na Suíça contas bancárias não declaradas à Receita Federal.


Assim que os investigadores da Lava Jato começaram a chegar perto de Cunha, Leonardo tentou desvincular sua imagem do padrinho político e, hoje, com a anuência de Pezão e Cabral, o filho de Jorge Picciani articula seu fortalecimento na Câmara dos Deputados para ocupar espaços abertos por Cunha, caso ele seja cassado pela omissão das contas na Suíça.


Pai renegado


Jorge Picciani foi surpreendido pela exibição da série de reportagens O Rio de Janeiro na Lama, da Rede Record, que questionava o governador Pezão sobre a posição do deputado estadual Picciani na sua articulação política durante as eleições de 2014.


Apesar de ter sido o coordenador de campanha de Pezão no ano passado como está nos sites oficiais dele e do PMDB do Rio, Jorge foi renegado pelo governador que, em nota oficial à Rede Record, afirmou que o presidente da Assembleia Legislativa do Rio não chefiou sua campanha.


Em sua página na internet, Jorge se apresentou como articulador do Aezão, conexão montada por ele para pedir votos para o então candidato à Presidência da República Aécio Neves (PSDB) e o governador Pezão. Em uma foto exibida em seu site, ele aparece com um dos filhos acompanhando Aécio durante caminhada em Queimados, em 2014, em frente à estação de trem que teve parte de sua área pública repassada para uma empresa particular de Carlos César da Costa Pereira, sócio dos membros da família Picciani.




Menino prodígio


Apesar de ter só 29 anos, Rafael Picciani, deputado estadual e atual secretário municipal de Paes na Prefeitura do Rio, acumulou um patrimônio praticamente igual ao do pai. Rafael declarou em 2014 à Justiça Eleitoral que tinha R$ 9,7 milhões em bens. Seu pai, R$ 10,3 milhões. Rafael desbancou o irmão Leonardo, de 36 anos, dono de R$ 7,2 milhões.


ONDE OS POBRES NÃO TÊM VEZ






80 mil é o número de pessoas removidas da Vila Autódromo, na zona oeste do Rio. A comunidade surgiu como reduto de pescadores, ao lado da Lagoa de Jacarepaguá. Os moradores tinham títulos de posse dados pelo governo estadual há mais de 20 anos. Mas tudo mudou quando o local foi escolhido para a construção do Parque Olímpico.


R$ 720 foi o valor do metro quadrado do terreno repassado pela Prefeitura do Rio a três empreiteiras. O negócio foi lucrativo para as empresas, pois o preço dos terrenos na região é bem maior. Corretores ouvidos pela Rede Record dizem que o metro quadrado em Jacarepaguá chega a R$ 5 mil.


55% é a parte do terreno do Parque Olímpico que ficará com as empreiteiras. Essas empresas poderão lucrar com a construção de prédios de luxo de até 22 andares.


R$ 1,3 bilhão é o valor do acordo assinado pela Prefeitura do Rio com três empreiteiras, em abril de 2012.






Sisterhood visita internas da Fundação Casa




Voluntárias distribuem kits e livros para menores infratoras
Por Sabrina Marques
redacao@arcauniversal.com





Amor e dedicação são características presentes em todas as voluntárias do Sisterhood, grupo que surgiu em dezembro de 2009 e tem a finalidade de resgatar a essência feminina colocada por Deus em cada mulher. Desta vez quem recebeu o carinho dessas mulheres foram as internas da Fundação Casa “Chiquinha Gonzaga”, da Mooca, bairro localizado na zona leste da capital paulista.





As mais de 140 internas do local receberam kits de higiene pessoal e também centenas de livros “A mulher V”, da escritora e fundadora do Sisterhood, Cristiane Cardoso.





Além das doações, as internas também ouviram mensagens de fé e esperança, contidas na Palavra de Deus. Para o responsável pelo trabalho evangelístico dentro da Fundação Casa, pastor Geraldo Vilhena, a iniciativa do grupo é fundamental para a ressocialização e mudança de comportamento das menores infratoras. “Este é um trabalho excelente, pois a presença das voluntárias fez com que as jovens se aproximassem mais. Muitas abriram o coração, choraram após receber as orientações das esposas dos bispos, elas elevaram a autoestima, que a muito tempo estava em baixa, este evento foi muito bom”, conclui o pastor Geraldo Vilhena.

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