sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Mutilação

  Mutilação genital feminina: uma tradição que corre o mundo

Os procedimentos feitos com navalhas, tesouras ou lâminas são para “purificar” meninas antes de iniciarem a vida sexual





A foto ao lado foi tirada em 1987 e, apesar de não ser recente, ainda é o retrato da dor de mais de 3 milhões de meninas e mulheres espalhadas pelo mundo que são submetidas ao procedimento de mutilação genital feminina por ano, de acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). A tradição milenar consiste em cortar partes do clitóris e dos pequenos e grandes lábios da vagina. O objetivo principal é tornar a mulher “mais pura” após o ato, privando-a do direito ao prazer sexual.
O ritual se concentra em 29 países entre o continente africano e o Oriente Médio e é visto como uma garantia de honra e obediência ao marido. A maioria dos homens dessas localidades só se casa com mulheres que preservam a tradição.
Em grande parte dos locais, a cirurgia é realizada sem anestesia e o corte é feito a navalhas, tesouras, cacos de vidro ou lâminas de barbear, sem nenhuma higiene. Além de ser realizada por uma pessoa comum, geralmente uma parteira tradicional do vilarejo, sem nenhuma formação médica.
A circuncisão ocorre, normalmente, em meninas a partir dos 5 até os 15 anos de idade. Mas há casos de mulheres adultas e casadas que também são sujeitas ao ritual, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Marcas
As sequelas deixadas pela cirurgia persistirão por toda a vida. Depois da operação, a pele da vagina é costurada, deixando apenas um pequeno orifício para que as meninas possam urinar e menstruar. As meninas ficam “costuradas” até o casamento. Mas terão relações sexuais dolorosas.
Existe também uma crença de que as mulheres precisam ter passado pela mutilação para ter bebês, porém, para algumas, a cirurgia pode causar infertilidade e grandes complicações no parto, além de causar hemorragia grave e infecções.
Mutilação pelo mundo
Segundo a Unicef, entre os países do nordeste africano, a Somália tem os números de casos mais chocantes: 98% das mulheres entre 15 e 49 anos já tiveram vagina mutilada. Guiné-Bissau tem o segundo maior dado, 96%. Djibouti e Egito têm, respectivamente, 93% e 91% da população feminina operada. Em Eritreia e no Mali, o número chega a 89%. Em Serra Leoa e no Sudão, na África Oriental, a prevalência é de 88%.
Cerca de 130 milhões de meninas e mulheres já passaram pelo procedimento. Se a tradição continuar, outras 30 milhões poderão ser mutiladas nos próximos 10 anos.
A voz da religião
De acordo com o jornal Egyptian Streets, apenas 30% das mulheres egípcias casadas acreditam que a prática deveria ser proibida, mais da metade é a favor do procedimento por motivos religiosos. No Egito, a maioria das mulheres é submetida à mutilação entre as idades de 9 e 12 anos, com apenas 31% das operações conduzidas por médicos, segundo Adel Adawy, ministro da Saúde do país.
Acredita-se que o procedimento tenha surgido ainda na época dos faraós e ao longo do tempo tenha se disseminado por vários países, até ser praticado por religiosos extremistas.






Em uma tarde de um domingo na Fundação Casa de Vila Conceição os voluntários da UNIVERSAL fizeram uma surpresa para os internos e famílias. Uma delicioso café da tarde. Algumas das mães dos internos junto com os voluntários da IURD partiram um lindo e gostoso bolo e em seguida serviram para todos os presentes.

 



Foi servido também refrigerantes para todos   



Para finalizar o café da tarde o pastor Geraldo Vilhena (Coordenador de Evangelização nas Unidades da Fundação Casa de São Paulo) fez uma oração para abençoar os internos e famílias.



quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Celular

 O celular é o novo cigarro?




É comum passar nas ruas e ver muitas pessoas caminhando de cabeça baixa. É preciso desviar das mais desatentas, que nem percebem que podem se chocar contra quem segue em direção oposta. Elas estão de olho no celular, que as distrai e hipnotiza. No ônibus, de pé ou sentadas, continuam a olhar para o telefone, checando mensagens ou verificando as redes sociais.


Já aquelas que dirigem seus carros têm dificuldades em se manter atentas ao trânsito. Esperam ansiosas, sem perceber, o sinal sonoro que anuncia a chegada de uma mensagem de texto. A falta de atenção ao volante pode causar acidentes. No trabalho, a maioria perde tempo em verificar, repetidas vezes, se algo foi postado em sua rede social ou quantas pessoas já curtiram suas fotos ou o seu post mais recente. Esse momento, que deveria ser produtivo, é utilizado de forma inadequada.

Fim do mundo

No almoço com os colegas, os viciados em celular não conseguem tirar o olho do aparelho eletrônico. A conversa, que poderia ser descontraída, não se desenrola com naturalidade. Ao voltar para casa, o aparelho continua ali, ao lado do seu dono ou dona, quase como um apêndice externo. Se for esquecido em algum lugar, o “fim do mundo” é decretado. Nem na hora de dormir o usuário consegue ficar longe do celular.

Graves riscos

Quem não presenciou uma situação assim ou vive isso diariamente? A socióloga norte-americana Amber Case, famosa por questionar o uso da tecnologia pelas pessoas, declarou em entrevista recente ao jornal El País qual é o mais novo vício que as atinge: “checamos o celular entre mil e duas mil vezes por dia. É uma ferramenta muito útil, mas que tem que nos tornar livres. O celular é o novo cigarro: se fico entediada, dou uma olhada nele. A tecnologia não é ruim, mas seu uso está nos desconectando e nos escravizando.”

Dois lados

O doutor em sociologia e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), Paulo Silvino, de 36 anos, também concorda com os benefícios da tecnologia, mas afirma que é preciso ter cuidado com o uso excessivo do celular. “Em todos os lugares é possível ver pessoas que não largam o aparelho para nada, nem para comer ou assistir a um filme no cinema. Mas existem dois lados: ao mesmo tempo que a tecnologia permite a conversa com um ente querido que está longe, de forma mais barata, acaba nos prendendo, pois gera uma ansiedade em ver se há alguém querendo interagir conosco e curtir nossas fotos. É como se as pessoas fossem se sentir mais queridas ao serem mais vistas nas redes sociais”, analisa.

Silvino diz que as pessoas costumam postar nas redes sociais sempre fotos mostrando que estão felizes. “É o selfie mostrando que está comendo determinado prato e usando tal roupa. Se projeta a imagem de algo que não somos, como se todo mundo se tornasse celebridade. Interpretando esse personagem, as pessoas têm cada vez mais dificuldade em lidar com o contraditório e com o que é diferente delas. Se permitem falar coisas de todo tipo, até de forma raivosa e ofensiva, pois se sentem protegidas nas redes sociais”, explica.

Contato humano

Na avaliação do professor, as pessoas buscam saciar um desejo de aceitação, mas, em função disso, as relações sociais estão se empobrecendo. “O uso das redes sociais no celular fragilizou o contato físico. As pessoas passaram a acreditar que são benquistas pelo número de amigos no Facebook ou pelas celebridades que seguem, mas é um engodo. Por mais que desenvolvamos nossa capacidade de comunicação por meio da tecnologia, não podemos prescindir do contato humano. Tudo a que atribuímos um sentido nas relações só é efetivo quando realizado pessoalmente”, reflete.

Humanos

O sociólogo afirma que não há uma fórmula mágica para tentar resolver a questão, mas, na opinião dele, é preciso fazer uma autocrítica em relação ao uso do aparelho. “É preciso analisar até que ponto a maneira como se usa o celular pode ser danosa e se isso pode gerar uma doença em que as pessoas estão cada vez mais enclausuradas, ao mesmo tempo que se projetam no mundo virtual. Não podemos esquecer que somos humanos e não um personagem criado, uma autoimagem que não é verdadeira e está distante da realidade”, pondera.