domingo, 3 de novembro de 2013

Seja você também uma sobrevivente

Dezenas de brasileiras são espancadas e mortas por namorados e maridos todos os dias


Sete anos após a criação da lei que é aplaudida no mundo inteiro como exemplo no combate à violência contra mulheres, o Brasil ainda não escapou de uma realidade vergonhosa: o assassinato de milhares de brasileiras por namorados, companheiros e maridos. De 2001 a 2011, 50 mil mulheres foram mortas, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O número alto de vítimas prova que a lei nº 11.340/2006 não está sendo cumprida como deveria em todo o País. A denúncia é da mulher que trabalha há 30 anos pela criminalização dos agressores. Em entrevista exclusiva à Folha Universal, a biofarmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes, de 68 anos, reclama da falta de compromisso de alguns gestores públicos na criação de condições para o funcionamento da lei. “A cultura machista ainda impede a implantação de políticas públicas como a capacitação de pessoas, a abertura de centros de referência da mulher e de delegacias especializadas para que as vítimas sejam orientadas adequadamente. Não adianta ter uma lei forte só no papel. As grandes cidades em geral já estão preparadas, agora os pequenos e médios municípios precisam avançar”, afirma Maria da Penha.
Ela acrescenta que o fim dos assassinatos também esbarra na questão cultural. Ou seja, existem pessoas que cresceram com a ideia de que a violência doméstica é algo normal. Muitas crianças presenciaram pais, tios e avôs batendo em mulheres, enquanto adultos ao redor permaneciam calados. Seria possível transformar essa mentalidade? Maria da Penha acredita que a mudança de pensamento depende de um trabalho diário de conscientização. “É possível desconstruir a cultura de violência aos poucos, através da educação e de punições exemplares aos agressores. Nós, mulheres, temos o direito a uma vida sem violência e com os mesmos direitos que os homens”, diz.
Grito necessário
Apesar dos desafios, Maria da Penha alerta que colocar a boca no trombone pode ser o primeiro passo para o fim das agressões. E ela fala com conhecimento de causa. Em 1983, seu marido tentou assassiná-la duas vezes. Um tiro nas costas a deixou paraplégica. Meses depois, o homem tentou eletrocutá-la. Em vez de se calar, ela lutou 19 anos até prender o criminoso. “A condenação ocorreu graças à minha perseverança. Após esgotar os recursos no Judiciário, consegui denunciar o Brasil para o mundo. Em 2001, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da Organização dos Estados Americanos (OEA), condenou o País por negligência nos casos de violência contra a mulher. As pressões internacionais levaram à criação de uma lei mais rigorosa, que já salvou a vida de muitas brasileiras”, conclui, ponderando que a batalha ainda não terminou.
Vítima pode estar ao seu lado
Mais da metade dos brasileiros conhece uma mulher que já foi agredida pelo parceiro, segundo o Data Popular e o Instituto Patrícia Galvão. A violência atinge mulheres comuns, de todas as idades, regiões, cores e classes sociais. Na maioria das vezes, o crime é cometido dentro de casa.
Para a radialista Mari Oliveira, de 38 anos, o sofrimento durou mais de uma década. “Meu ex-marido tinha ciúme do nosso filho, me batia inúmeras vezes e não permitia que eu trabalhasse. Eu queria manter o casamento, achava que iria decepcionar meus pais. Perdoei uma, duas, três, quatro, cinco vezes. Acreditei na história de que a esperança é última que morre, e nessa quem quase morreu fui eu”, desabafa.
O tempo foi passando, o segundo filho do casal nasceu e Mari voltou a trabalhar, mas as agressões continuaram. “As crianças presenciavam a violência de madrugada. Uma vez, meu ex-marido saiu me arrastando pela casa, meus filhos ficaram assustados. Ele ainda ligou no meu trabalho e me difamou. Acabaram me demitindo”, relembra.
Mari demorou a buscar ajuda, mesmo após conselhos de amigos que a viram chorando pelos cantos e com marcas roxas no corpo mais de uma vez. Na última agressão, ela desmaiou ao receber uma pancada com uma cadeira. Mari, então, venceu o medo e a vergonha. Registrou um boletim de ocorrência contra o ex-marido e hoje está protegida por medida da Lei Maria da Penha que obriga o agressor a manter uma distância mínima em relação à vítima.
É possível mudar
Após o terror que durou 12 anos, Mari encontrou apoio no Raabe, grupo de mulheres voluntárias que oferecem ajuda às vítimas de violência. “Aprendi a me amar e a me valorizar. Antes eu era uma prisioneira em casa. Hoje, eu saio com as amigas, vou à pizzaria com meus filhos, amo andar de patins e ir à praia. Sou livre!”, conclui, com um sorriso sincero.
Chutes, socos, mutilações, tapas e empurrões deixam sequelas mais profundas do que marcas no corpo. É o que explica a coordenadora nacional do Projeto Raabe, Carlinda Tinoco Cis (foto ao lado). “A baixa autoestima entre as vítimas é grande, elas chegam desvalorizadas, muitas se sentem inúteis. Elas trazem uma culpa desnecessária, vivem em silêncio por vários anos, carregam uma vergonha que leva à depressão e às doenças crônicas”, diz.
Carlinda afirma que é possível superar os traumas da violência doméstica. “As vítimas precisam aprender a se valorizar. Nossas reuniões têm um contexto dirigido às necessidades das vítimas, ajudamos essas mulheres a vencer o medo e a conhecer os seus direitos”. O Raabe atua em todos os estados brasileiros com atividades como visitas a delegacias da Mulher, divulgação do projeto em praças, ruas, bairros, feiras, comunidades, hospitais, reuniões mensais e atendimento às vítimas praticamente todos os dias da semana.
Entre os obstáculos para o fim da violência, Carlinda aponta a falta de informação e a carência de espaços apropriados para receber a mulher. “As mulheres até buscam seus direitos, mas o atendimento é ineficiente, elas acabam desistindo no meio do caminho. Há demora, falta de informação correta, é um descaso. Para conseguir realmente ajuda é preciso ser muito perseverante e estar bem informada”, avalia.
Para celebrar a semana em que se comemora o Dia Internacional de Luta Contra a Violência à Mulher, o Raabe vai promover palestras em todos os sstados brasileiros no dia 23 de novembro. Na cidade de São Paulo, o encontro vai ocorrer às 14 horas, na Avenida João Dias, 1.800, no espaço Nave Auxiliar. Informações sobre outras cidades podem ser obtidas no site projetoraabe.com ou pelo e-mail projetoraabe@gmail.com.
Ciclo de violência
A estudante Jad Rodrigues, de 20 anos, enfrentou a violência de um antigo namorado entre os 15 e os 17 anos. O “rapaz de família” chamou a atenção da adolescente. “Ele era tranquilo, mas depois começou a ter ciúmes, era extremamente antissocial. Depois de uma briga, ele me deu um tapa, me apertou. Fiquei decepcionada, tentei terminar, mas gostava dele. Perdoei e aquilo se transformou em rotina”, explica Jad.
Após a mãe de Jad presenciar o espancamento da filha no meio da rua, a moça saiu de casa e foi morar com o agressor. “Coisas pequenas se transformavam em brigas que duravam a noite toda, a gente só parava de se bater quando perdia as forças. Quando passava a raiva, vinha o amor, a paixão, ele pedia perdão e chorava, mas no outro dia voltava a me maltratar”, conta.
O ciclo só foi interrompido quando a irmã de Jad registrou um boletim de ocorrência contra o agressor, que acabou mudando de Estado. “Eu cheguei a procurá-lo, achava que seríamos felizes, mas percebi que ele nunca iria mudar de comportamento. Hoje me sinto aliviada e aprendi a me valorizar”, afirma a moça, que está terminando o ensino médio, planeja cursar faculdade de administração no ano que vem e já se prepara para abrir o próprio negócio.
Lei Maria da Penha
A biofarmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes, de 68 anos, transformou seu caso em exemplo na luta pelos direitos das mulheres. Hoje, ela participa de palestras, estudos e encontros sobre violência doméstica e é fundadora do Instituto que leva o seu nome. Ela concedeu uma entrevista exclusiva ao jornal Folha Universal:
Por que muitas vítimas não procuram ajuda?
Muitas não denunciam porque têm medo do agressor ou não há onde denunciar em suas cidades. Outras dependem financeiramente do companheiro ou querem preservar os filhos, acham que o homem é um bom pai.
É possível traçar um perfil do agressor?
Não. Muitas mulheres, como no meu caso, não percebem aquela pessoa como agressora. Meu ex-marido era muito bem quisto na sociedade (Marco Antonio era professor universitário), tinha bom comportamento, mas na intimidade era agressivo. Outros homens são truculentos logo que começam a namorar, já demonstram dificuldades de relacionamento. A mulher deve se precaver e a denúncia precisa ser feita antes que a agressão se repita.
Como o seu caso inspirou a lei 11.340/2006?
Após esgotar todos os recursos no Judiciário, resolvi denunciar o Brasil para o mundo. Também escrevi um livro sobre a minha história que teve grande repercussão. Em 2001, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da Organização dos Estados Americanos (OEA), condenou o País por negligência nos casos de violência contra a mulher. As pressões internacionais levaram o Brasil a criar uma lei mais rigorosa, que já salvou a vida de muitas mulheres. O nome da lei foi recomendação da própria OEA, exigindo que eu tivesse uma reparação simbólica.
Arrependimento




 Arrependimento não é remorso. Remorso é só um sentimento de tristeza momentânea por alguma falta cometida. No remorso não há atitude em relação ao pecado. Isto é, nele não há o sacrifício de abandono ao pecado. Por isso, não há perdão para o remorso.
Já o arrependimento é atitude, é ação ou prática da fé. No arrependimento há o sacrifício do abandono ao pecado.
É importante observar que o que difere o remorso do arrependimento é o sacrifício. Quem despreza os sacrifícios da fé jamais alcançarão misericórdia!
O arrependimento é necessário para a remissão de pecados ( Lucas 24.47 ). Mas não há arrependimento sem o sacrifício de abandono ao pecado. Logo, não há salvação sem o sacrifício de negar-se a si mesmo os prazeres da carne.
Sincero e verdadeiro arrependimento impõe ódio e abandono ao pecado.Isto é ação!
Publicado por Bispo Edir Macedo

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