quinta-feira, 13 de junho de 2013

Sem vagas

73 milhões de jovens entre 15 e 24 anos estão desempregados no mundo. No Brasil, as chances são melhores, mas a falta de qualificação e a pouca experiência ainda dificultam a entrada no mercado de trabalho

Notícias sobre o grande número de desempregados em países desenvolvidos continuam a se multiplicar e a posição dos jovens parece ser ainda pior nesse cenário, como alerta a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Cerca de 73 milhões de pessoas entre 15 e 24 anos estão sem trabalho no mundo. Em 2012, a taxa de desemprego entre jovens chegou a índices assustadores: 54,3% na Espanha; 54,2% na Grécia; 38,7% em Portugal; 34,4% na Itália; e 31,4% na Irlanda.


Na Espanha, centenas de jovens protestaram no início de abril contra a alta taxa de desemprego e as condições de trabalho que, segundo eles, estariam forçando-os a abandonar o país em busca de oportunidades.


A crise de emprego foi agravada pela fraca recuperação da economia mundial nos últimos 2 anos. O coordenador de recrutamento e seleção do Nube, organização privada de colocação de jovens no mercado, Erick Sperduti, explica que, com a redução da demanda de serviços, o número de vagas cai e as empresas preferem suspender a contratação de jovens. “Eles não possuem experiência adequada e precisam passar por um programa de treinamento mais intensivo, o que requer mais tempo e custo para a organização”, avalia Sperduti.


Embora o Brasil e outros países da América Latina e do Caribe estejam em situação melhor do que as nações europeias, os jovens daqui também enfrentam mais dificuldades na hora de conseguir uma vaga. O índice de desemprego entre brasileiros de 15 a 24 anos foi de 13,7% em 2012, de acordo com a OIT – o menor da série em 12 anos. Mesmo com dados relativamente positivos, o número de jovens sem trabalho ainda é maior do que a taxa de desemprego no País, que ficou em 5,8% em abril.


A falta de qualificação e a pouca experiência são apontadas por Sperduti como os principais obstáculos para os trabalhadores nessa faixa etária. “É preciso um incentivo maior nas políticas públicas relacionadas à educação para disponibilizar acesso ao estudo e ao aperfeiçoamento profissional em um formato menos custoso para o jovem e, assim, criar mão de obra mais qualificada no País”, analisa Sperduti, que admite que as companhias estão cada vez mais exigentes na hora de contratar.


Outros problemas apontados pelo especialista são o despreparo durante os processos seletivos e alguns comportamentos típicos da idade, como intolerância, impaciência e ansiedade, que podem gerar instabilidade no mercado de trabalho.


O diretor-geral da empresa Trabalhando.com, Caio Infante, concorda que o perfil dos jovens pode influenciar na colocação profissional. “O jovem é muito imediatista, às vezes ele não consegue passar em um processo seletivo na primeira tentativa e acaba desistindo. Alguns também são prepotentes, acham que já sabem tudo e esquecem que todo líder já foi estagiário. É preciso dar um passo de cada vez, começar debaixo e respeitar os mais experientes”, diz. Infante acredita que as empresas também devem se preparar para receber esses novos trabalhadores. “Ninguém quer apenas apertar botão, as companhias podem propor desafios e estimular o crescimento dos colaboradores. E a retenção de talentos não está apenas no salário, os trabalhadores querem ter prazer naquilo que fazem”, acrescenta.


Até os jovens mais preparados enfrentam desafios no mercado de trabalho. Segundo Infante, o fortalecimento da economia brasileira fez com que mais pessoas conseguissem estudar e se qualificar, o que aumentou também a procura pelos melhores cargos. “Há programas de trainee ou estágio que chegam a ter 20 mil, 40 mil e até 50 mil candidatos para apenas 100 vagas. Os recém-formados não querem apenas funções operacionais, eles têm outras aspirações. Quanto maior o cargo, menos vagas e a disputa é maior”, conclui.


Mais chances no mercado


Prepare-se: O jovem deve aproveitar ao máximo seus estudos, participar de palestras e seminários, buscar especializações e investir em um segundo idioma


Não espere o diploma para trabalhar: Experiências profissionais podem ser adquiridas em projetos sociais, trabalho voluntário, ONGs, empresa júnior da instituição de ensino e estágio


Controle a ansiedade: Os principais processos seletivos são concorridos, mas o jovem deve insistir em seus objetivos e encarar as frustrações como parte do aprendizado


Não existe emprego ruim: Muitos jovens esperam tanto pelo emprego dos sonhos que recusam boas chances. Cada experiência pode ser um caminho para descobrir os próprios gostos e habilidades.


Fontes: Erick Sperduti, coordenador de recrutamento e seleção do Nube; Caio Infante, diretorgeral da empresa Trabalhando.com Brasil

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