quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Aponte virtudes, não defeitos

Focar nos defeitos da pessoa amada é receita infalível para um relacionamento infeliz



As mulheres são especialistas em apontar defeitos, especialmente, do marido. Isso sem contar as comparações que fazem constantemente. Parece até que ficam à espreita, esperando apenas uma falha deles para poder apontá-la na primeira oportunidade.
Mas não são somente as mulheres que agem assim. Embora elas sejam mais propensas a isso, os homens também cometem esse erro, apegam-se aos defeitos da parceira e se esquecem das qualidades que ela possui. Por conta disso, ambos desperdiçam a oportunidade de ser feliz no relacionamento.

Ninguém é perfeito. Todo ser humano é dotado de defeitos e qualidades. Portanto, se você pensa em achar a pessoa ideal, que se encaixe perfeitamente em seu gosto, esqueça. Essa pessoa não existe.
Para um relacionamento feliz é imprescindível saber relevar. Obviamente não estamos falando aqui de falhas de caráter, como traições, mentiras, abusos - que não devem ser tolerados em nenhuma hipótese -, mas nos referimos aos defeitos que não prejudicam o relacionamento, e com os quais podemos perfeitamente conviver.
Desista de tentar mudar o seu parceiro. Há coisas nele que não irão mudar nunca, assim como em você.  Adaptar-se é a melhor opção. Não é se conformar, mas aceitar o outro como ele é, com seus defeitos e qualidades. Não se esqueça de que você também tem os seus.

Que tal em vez de se apegar aos defeitos se atentar às qualidades que ele ou ela possui? Veja se, colocados na balança, realmente vale a pena brigar por coisas que se tornam insignificantes diante das virtudes do outro.
Em vez de criticá-lo por ele não ser tão romântico como o marido da amiga, valorize o fato de ele ser um homem trabalhador e um ótimo pai. Dê menos importância à toalha molhada em cima da cama e valorize quando ele a ajuda nas tarefas de casa.
A sua esposa talvez não tenha tantos dotes culinários, mas é ótima amiga e companheira. Talvez seja até um pouco desorganizada, mas lhe respeita e se esforça para agradá-lo.
Comece a valorizar os pontos positivos do seu cônjuge em vez de evidenciar os negativos.

O mesmo vale para os solteiros que buscam alguém que lhes faça felizes. É comum vermos pessoas reclamando que não encontram a pessoa certa. Entretanto, em muitos casos, isso acontece porque a pessoa, antes mesmo de conhecer o futuro candidato, fica procurando razões que justifiquem por que aquele pretendente não é a pessoa certa, que irá lhe fazer feliz. "Apegam-se a detalhes que não farão a menor diferença no relacionamento e perdem grandes oportunidades de conhecer a pessoa que seria uma ótima candidata a um futuro relacionamento", explica Renato Cardoso, apresentador do programa "The Love School".
A escritora e também apresentadora do "The Love School"Cristiane Cardoso, diz que já ouviu algumas mulheres falarem coisas do tipo: "Ah, mas ele tem uma barriguinha". Ou o homem falar: "Eu prefiro loira"; "Prefiro morena". Sendo que esses são detalhes sem a menor relevância e que não farão diferença no relacionamento. "E, às vezes, a loira, o cheio de músculos, o bonitão, faz a pessoa infeliz", ressalta Cristiane.

Para Renato, é preciso errar algumas vezes até achar o futuro marido ou a futura esposa. "Não digo a pessoa ideal, porque isso não existe, mas aquela pessoa que, apesar dos defeitos, tem muitas qualidades. Existem coisas que você tem que dizer assim: 'Bom, não era aquilo que eu idealizava, mas ele - ou ela - tem outras coisas mais importantes que para mim é o suficiente'."
Para finalizar, Renato deixa um conselho aos solteiros e um aos casados:

Aos solteiros:
"Quando aparecer uma pessoa, procure conhecê-la até saber se ela realmente é para você. Não custa nada. Não é se envolver emocionalmente ou fisicamente, mas uma descoberta. Você não pode dizer "essa pessoa não serve para mim' se você não a conhece. Não é se entregar, mas procurar conhecer, não descartar, colocar defeito, mas dar oportunidade da pessoa se fazer conhecer."
Aos casados:
"Deixe de ficar procurando o que falta no seu marido, o que falta na sua esposa. Não faça comparações: 'Ele não é igual a fulano.' Isso é receita para ser miserável no casamento, frustrado, triste. Procure o que ele tem de bom, é assim que se desenvolve o amor, uma ligação mais profunda de alma. Sempre olhar o que está certo com a pessoa amada e não o que está errado."



FILHOS DA FUNDAÇÃO CASA









Filhos da Febem

Por Andrea Dip andrea.dip@folhauniversal.com.br
Uma porta pesada de ferro se abre. Um guarda, um detector de metais e uma cabine blindada aparecem. Mais alguns passos, e o barulho da porta se fechando identifica que daquele lugar não entra e sai quem quer. Um caminho de concreto, mais algumas portas, mais um ou dois guardas, mais um portão fechado. Através das grades é possível ouvir bebês e vozes de adolescentes. Lá, o clima tenso desaparece e, às vezes, dá para esquecer que se está em uma Unidade Feminina de Internação Provisória (UIP) da Fundação Casa, ex-Febem. Em poucos metros quadrados funciona a Casa das Mães, que separa adolescentes grávidas e com bebês das outras internas. Ao todo, a unidade abriga 118 meninas de 12 a 20 anos incompletos, e o tempo médio de internação é de 1 ano e meio. No momento da visita, algumas meninas pintavam quadros, outras faziam pães e doces em uma grande cozinha. K., de 16 anos, era uma delas. De avental branco e sorriso largo, ela conta que “rodou” (foi pega), junto com o marido, de 48 anos, por tráfico de drogas e está na UIP há 9 meses. “O juiz disse que ele me usou. Mas eu acho que ninguém usa ninguém, vai por esse caminho quem quer”, diz a jovem, que entrou grávida de 4 meses e teve a filha num hospital conveniado à Fundação. “Eu entrei dizendo: ‘vou traficar, a vida do crime é isso mesmo’. Agora, penso na minha filha, em como vai ser.” Até março de 2006, as meninas que entravam grávidas na Fundação Casa eram levadas a um abrigo assim que os bebês nasciam e lá ficavam com os filhos por 4 meses. Após esse período, as mães voltavam para a internação e os filhos iam para a família da menina ou para um orfanato. Grande parte das meninas fugia e nem voltava para a Febem. A Casa das Mães, com 12 vagas, não supre a demanda de todo o Estado, mas é a única em São Paulo e possibilitou que os bebês fiquem com as mães até o final da medida sócio-educativa. “Aqui é feito o pré-natal, há acompanhamento psicológico. Os bebês são tratados no posto de saúde da região, tomam as vacinas e não lhes faltam alimentos, roupas e estrutura”, conta Maria Isabel Melo, diretora do Internato Feminino, que fica no bairro da Mooca, zona leste da capital paulista. As roupas e brinquedos chegam através de doações e, por vezes, são trazidos por familiares das meninas. Ali, os bebês ficam 24 horas ao lado das mães. O quarto grande é coletivo, com berços ao lado das camas. As meninas lavam a própria roupa e a dos filhos, ajudam na comida, na limpeza e têm oficinas de panificação, manicure e, a mais procurada, de bordado. Maria Isabel explica que as adolescentes que chegam grávidas têm geralmente o mesmo histórico: “O tráfico é o motivo mais comum. Geralmente, é por amor. Elas se envolvem na vida dos companheiros e quando elas vêm para cá, eles são presos. A maioria já tem filhos de outros relacionamentos”, diz. Essa é a história de J., 17 anos. Há poucos dias na unidade, está grávida de 38 semanas e conta que deixou uma filha de 3 anos com a mãe. Esse é seu maior sofrimento. “Minha mãe cuida bem, mas disse que não vem me visitar nem trazer minha filha, porque preciso pagar pelo que fiz. Entrei para o tráfico porque era o caminho mais rápido para comprar as coisas que eu queria. Mas nem de perto é o caminho mais fácil”, diz, amadurecida pela realidade. E para o futuro? J. faz uma pausa de silêncio enquanto mexe na longa trança de cabelos negros: “Quero conhecer pessoas que me ajudem não com dinheiro, mas com um ombro. Quero cuidar da minha família, dos meus filhos”. E o pai? “O pai da minha filha é do crime. E o pai do meu filho está preso”. Para o psicólogo Rubens Maciel, as meninas que vão para a Fundação Casa têm a família desestruturada ou vivem em situação de miséria. “Elas saem de casa porque o convívio com os pais e irmãos é degradante, violento. E, não encontrando segurança em casa, vão procurar esse carinho em um namorado que também vem de uma situação semelhante”, explica. Por esse quadro caótico, Maciel acredita que a situação dos bebês que nascem atrás das grades é relativa. “Se você comparar com a rua, eles estão em uma situação melhor, porque nada falta, estão num ambiente seguro. Mas, se comparada à situação de uma família estruturada, eles estão em uma condição pior, porque estão privados de liberdade por um delito cometido pela mãe”. É o caso da bebê de G. (de 18 anos), interna há 1 ano e 4 meses. “Ela está engatinhando e quer ir para fora, vai até o portão e quer sair”, conta. O caso dela é o mais grave entre as oito meninas que ocupam a Casa das Mães. Após alguma resistência, conta que cometeu latrocínio, roubo seguido de morte. Ela também estava com o marido no momento do crime e ainda tem 3 ou 4 meses como interna para cumprir. Quando sair, pretende ir morar com a sogra no interior e aceitar qualquer trabalho. “Não posso ficar escolhendo, né?”, diz a adolescente. Sobre sonhos e o futuro, elas não falam. Dão respostas vagas. O fato é que as meninas estão entrando para o crime cada vez mais cedo. Em 2000, a idade média das internas era de 18 anos. Hoje, as meninas “rodam” com pouco mais de 15. E descobrem, nas palavras de J., que esse caminho é “rápido, mas nunca fácil”. Berçários e creches nas prisões O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, no fim do mês passado, uma lei que garante condições mínimas de assistência a mães presas e recém-nascidos. O texto determina que as penitenciárias femininas tenham berçários onde as mães possam cuidar e amamentar os filhos até, no mínimo, 6 meses depois do nascimento. A lei assegura ainda que haja acompanhamento médico pré-natal e pós-parto. Até então, as detentas ficavam com os bebês até os 4 meses de vida e depois davam para a família ou para abrigos, dependendo da situação. As prisões deverão também ter creches com profissionais qualificados para abrigar crianças de 6 meses a 7 anos, cuja mãe esteja presa e seja a única responsável. A autora do projeto, deputada Fátima Pelaes (PMDB/AP) ressaltou à imprensa que a lei é uma “obrigatoriedade de que realmente os presídios femininos disponham de um atendimento à mãe e à criança”. Fátima, que nasceu em um presídio e viveu nele até os 2 anos de idade, afirmou também que: “Toda mulher tem direito de ser mãe e toda criança tem direito à convivência com essa mãe, ao carinho e ao afeto. Isso faz diferença na vida dos dois.”

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